top of page

Objetivo_

O Projeto D.elas é um trabalho de conclusão do curso de Design de Produto, da Unesp de Bauru,  que tem como objetivo gerar a discussão e a conscientização sobre como é ser mulher no mercado de trabalho, atualmente, na área de Design, assim como também criar uma rede entre mulheres que são referências.


Por meio de entrevistas com mulheres atuantes em diversas áreas do design, nós conversamos sobre as dificuldades, a invisibilidade, a desigualdade, as imagens e obrigações atreladas às mulheres, e todas as consequências desse mercado que ainda é opressor, em muitos pontos, para nós.  

HISTÓRIA DO DESIGN GRÁFICO - PHILIP B. MEGGS E ALSTON W. PURVIS

14

Nossa principal motivação foi a indignação com o cenário atual e o histórico em relação à mulher e ao trabalho. Movidas pela sororidade, juntamente com o fato de que faremos parte deste mercado, buscamos entender melhor esta problemática (que será detalhada nos parágrafos seguintes) a fim de expor o problema, sensibilizar os leitores e combater as injustiças contra as mulheres.

 

Começamos direcionando nossa pesquisa para a questão da invisibilidade das mulheres na história da arte. Porém, percebemos que as estruturas machistas e a relação que isso acarreta entre as mulheres não são exclusivas da área de artes. Então, resolvemos retratar o cenário da nossa área: o Design.


Não ficamos surpresas ao notarmos que, no Design, assim como na maioria das áreas, os homens são privilegiados dentro do mercado de trabalho, embora nas salas de aulas exista um número praticamente igual de mulheres e homens.  

 

(Dados do Censo da Educação Superior permitem visualizar a diferença entre homens e mulheres ingressantes nas universidades no Brasil, divulgado pelo Nexo em 13 Dez 2017, para acessar os dados completos clique aqui.)

 

 

Entretanto, a oportunidade de aprendizado e formação superior das mulheres é uma conquista recente. É notável que, por muito tempo a participação da mulher se focalizava na esfera doméstica e privada. Enquanto isso, bases masculinas foram sendo formadas na indústria, criando o que chamamos de “clube do bolinha”, em que homens tendem a dar mais oportunidades a outros homens, o que fez com que a mulher continuasse sendo excluída de atividades consideradas relevantes na construção da história e do conhecimento. Como defende Campi (2010, p.88):

No Design, no século XX, as poucas mulheres bem sucedidas trabalharam com colaboradores do gênero masculino. Colaboradores esses que, geralmente, as ofuscaram, como nos casos de Ray Eames, esposa do mais famoso Charles Eames ou de Lilly Reich, designer da maioria dos móveis atribuídos a Mies Van Der Rohe.

 

O mesmo ocultamento ocorre nas citações femininas em livros da História do Design. Martha Scott Lange escreveu o artigo “Is there A Canon of Graphic Design?”, em 1991.

Ela selecionou cinco dos principais livros da História do Design publicados em língua inglesa e percebeu a ausência dos nomes de mulheres. Nos livros brasileiros, apesar do número ser um pouco maior, ainda há prevalência de nomes masculinos. Em uma pesquisa feita por Rafael Efrem (2017), denominada “Designers mulheres na História do Design Gráfico: o problema da falta de representatividade profissional feminina nos registros bibliográficos”, é calculado o número de vezes em que aparecem os nomes de mulheres em relação ao dos homens nos livros, e o resultado é abissal:  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Artigo: Efrem, Rafael. (2017). Designers mulheres na História do Design Gráfico: o problema da falta de representatividade profissional feminina nos registros bibliográficos.

A partir desses dados, é notável a necessidade de novos estudos que determinem, de forma adequada, o alcance e as contribuições reais das mulheres em relação ao Design. Não só daquelas que foram ofuscadas pela história, como também das mulheres atuais que estão desempenhando um papel crescente na construção do Design: todas elas merecem a ascensão para sujeito da história. Como defende Fatma Ussedik

 

 

 

 

 

Como consequência desses obstáculos que rodeiam as mulheres na área do Design – e em todas as outras – vivemos uma realidade em que situações como a diferença salarial por questões de gênero, a falta de mulheres em cargos de liderança, os assédios em ambientes de trabalho, as demissões pós licença-maternidade, a falta de contratações de mães, a insegurança da mulher no trabalho e a ausência de representatividade feminina são acontecimentos cotidianos.

 

 

“Pesquisa realizada pelo site de empregos Catho, neste ano, com quase 8 mil profissionais mostra que elas ganham menos que os colegas do sexo oposto em todos os cargos, áreas de atuação e níveis de escolaridade pesquisados – a diferença salarial chega a quase 53%.”

(Acesse a matéria completa aqui.)   
 

“Dispensa Maternidade | 50% das mães são demitidas até dois anos após licença, diz FGV”

(Acesse a matéria completa aqui.)

 

"Segundo a pesquisa feita pelo Grupo de Planejamento nos ambientes de trabalho de agências de publicidade, produtoras e veículos de comunicação: “o percentual de vítimas de situações de assédio é elevado. Entre as mulheres entrevistadas, 90% declarou já ter sofrido alguma situação de assédio (seja moral ou sexual). Além disso, 100% das pessoas que responderam à pesquisa declararam que existem casos de assédio nas empresas de comunicação."

(Acesse a matéria completa aqui.)

"Entre as mulheres em idade ativa no Brasil, apenas 52% participam do mercado de trabalho, empregadas ou em busca de colocação, mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), referente ao primeiro trimestre deste ano. O percentual é 20 pontos inferior à taxa de participação dos homens, 72%."

(Acesse a matéria completa aqui.)

 

"O índice de mulheres em cargos de CEOs e de diretorias executivas no Brasil chegou a 16% em 2017, segundo a pesquisa International Business Report (IBR) – Women in Business, da Grant Thornton. No ano passado, o índice era de 11% e em 2015 era de apenas 5%."

(Acesse a matéria completa aqui)

 

"Mulheres com filhos são rejeitadas por 62% das empresas brasileiras. Foi o que constatou pesquisa realizada pelo Grupo Regus."

(Acesse a matéria completa aqui.)

 

"De acordo com dados do Censo de 2010 do IBGE, existem cerca de 518 mil trabalhadores na área de tecnologia da informação (T.I.) no Brasil e apenas 1/4 desses trabalhadores são mulheres. É pouco. Além de serem minoria, o salário delas é cerca de 28% menor do que dos homens."

(Acesse a matéria completa aqui.)

1058

7,2%

"Trata-se, para nós, de desmantelar os mecanismos da invisibilidade. Isto é:

todos aqueles processos que, ao mesmo tempo, que restringem nossa relação com o mundo, mantém na obscuridade a maioria das mulheres, fazendo aparecer sob certas condições, algumas, apenas para legitimar, em seu conjunto, o processo de exclusão."

"Aparentemente para ter acesso ao panteão dos famosos, as designers deveriam superar dois obstáculos: o primeiro do tipo cultural e laboral, tem a ver com os preconceitos que impediram as mulheres de ocupar profissões supostamente masculinas, o que determina, de entrada, uma estatística desfavorável; o segundo tem a ver com a construção tradicional da história que considera que a genialidade e o talento são dados apenas em homens. Felizmente este segundo obstáculo vem sendo superado. (tradução livre)."

25

75

50

31

13

31

10

DESIGN NO BRASIL - LUCY NIEMEYER

287

4,8%

LINHA DO TEMPO DO DESIGN GRÁFICO NO BRASIL - CHICO H. DE MELO

12,8%

241

77

GÊNERO NO CURSO DE DESIGN

0

HOMENS

MULHERES

Motivação 

e problemática_

100

% DE ALUNOS

RELAÇÃO ENTRE NOMES CITADOS           MULHERES CITADAS

LIVROS

ANALISADOS

DESIGN GRÁFICO: UMA HISTÓRIA CONCISA - RICHARD HOLLINS

UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO DESIGN - RAFAEL CARDOSO

NOMES

CITADOS

447

347

MULHERES

CITADAS

10

PERCENTUAL

2,2%

25

7,2%

DESENHO INDUSTRIAL - JOHN HESKETT

271

3,6%

241

12,8%

O DESIGN GRÁFICO BRASILEIRO ANOS 60 - CHICO HOMEM DE MELO

DESIGN: UMA INTRODUÇÃO - BEAT SCHNEIDER

220

5,9%

ALGUNS DADOS_

importância?_

qual é a

Como sinaliza Scott (1992. p.71):

 

 

Esse trecho foi retirado da “A escrita da história: novas perspectivas”, no momento em que Joan Scott escreve sobre a História das Mulheres em 1992. A época da citação era a década de 60, em que a maioria das faculdades estava estimulando as mulheres a conseguirem seus diplomas por meio de bolsas, pois as universidades estavam com falta de bons professores e pesquisadores. As mulheres estavam sendo chamadas para atuar em profissões que somente as excluíam até então. Como consequência, feministas apareceram denunciando a persistência da desigualdade e os preconceitos que ainda não haviam sido superados.

 

Atualmente, como foi mostrado nos dados que citamos, a situação é outra, mas, muitos casos de desigualdade e de preconceitos se perpetuam. Frente a esse fenômeno, vemos que é de grande importância a nossa união e a continuidade da discussão. Por meio do nosso projeto, buscamos entrevistar mulheres de diversas idades e áreas de atuação dentro do Design para que tivéssemos diferentes olhares sobre essa problemática. Expor todo esse compilado de informações que recebemos faz parte do processo de perpetuar a discussão e manter sua visibilidade.

"As feministas na academia declaravam que os preconceitos contra as mulheres não haviam desaparecido, ainda que elas tivessem credenciais acadêmicas ou profissionais, e se organizaram para exigir uma totalidade de direitos, aos quais suas qualificações presumivelmente lhes davam direito."

agradeci

mentos_

Queremos agradecer, primeiramente, a todas as mulheres que fizeram parte da nossa história e nos possibilitaram, direta ou indiretamente, criar um pensamento crítico em relação ao nosso posicionamento como mulher.

Agradecemos a nossa família, por nos dar a oportunidade e apoio durante toda a nossa vida pessoal e acadêmica. A todas as mulheres maravilhosas que dividiram não só teto, mas também todos os desafios que enfrentamos durante a faculdade: obrigada República Casa das Sete e República Roots. A todos os nossos amigos pelo amor, apoio e confiança.

Também ao nosso Professor Orientador Dorival Rossi Campos, por nos proporcionar olhar o Design de uma forma diferente. A todas as mulheres participantes do nosso projeto, obrigada pela paciência e por dividirem com a gente um pouco de suas vivências. E a Adie Mathias e Ariane Harbekon por nos ajudarem na realização deste trabalho.

REFERÊN

CIAS_

EFREM, Rafael. Designers mulheres na História do Design Gráfico: o problema da falta de representatividade profissional feminina nos registros bibliográficos. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/320078659_Designers_mulheres_na_Historia_do_Design_Grafico_o_problema_da_falta_de_representatividade_profissional_feminina_nos_registros_bibliograficos>. Acesso em: 02 abril 2018.

LANGE, Martha S. Is There a Cannon of Graphic Design History?.  Disponível em: <http://www.aiga.org> Acesso em:  10 maio 2018.

NOCHLIN, Linda. Por que não houve grandes mulheres artistas?. São Paulo: Aurora, 2016.

PEREIRA DE ANDRADE, Ana Beatriz ; REBELLO, Ana Maria. A invisibilidade feminina no design da Bauhaus ao Brasil. Buenos Aires, Argentina: Foro de Escuelas de Diseño - Facultad de Diseño y Comunicación - UP, 2009.

SCOTT, Joan. História das mulheres. In: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de São Paulo, 1992. 

SIRENA, Mariana. As mulheres na arte contemporânea em primeira pessoa. Disponível em:

<http://www.nonada.com.br/2015/08/as-mulheres-na-arte-contemporanea-em-primeira-pessoa>. Acesso em: 06 abril 2018.

UOL. Mulheres ganham espaço no mundo do design, mas topo ainda é dos homens. Disponível em:<www.mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/noticias/redacao/2011/04/03/mulheres-ganham-espaco-no-mundo-do-design-mas-topo-ainda-e-dos-homens.html>. Acesso em: 04 abril 2018.

2018 Projeto D.elas: Projeto de conclusão de curso - Faculdade de Artes Arquitetura e Comunicação UNESP

bottom of page