top of page

Carol atua na área automotiva do Design – atualmente por meio da pesquisa – mas já estagiou em empresas como CAIO e Volkswagen. Para ela, a falta de referências de mulheres em campos majoritariamente compostos por homens, e a nossa educação machista são alguns dos problemas que levam à falta de mulheres em ramos como o automotivo. Ela também conta sobre algumas dificuldades vivenciadas por ela nessa área e fala sobre a importância das mulheres ocuparem esses espaços.

carolina vaitiekunas_

"Precisamos de uma sinergia para todos caminharem de maneira igual, e que no fundo é o que a gente quer, que é o certo e é o justo."

"Acho que são esses fatores que pesam pra não ter mais mulheres no meio automotivo, de que nós não temos a clareza de que a gente pode chegar lá e também por parte da própria indústria quando, por ventura, corta ou não oferece oportunidades para o público feminino."

"Um constrangimento específico – perder um trabalho, bater de frente com alguém, passar por algo muito pontual – eu nunca passei, mas, essa desconfiança que paira no ar, ela machuca um pouco, até mais que um enfrentamento direto. Porque um enfrentamento direto você tem argumento para rebater, mas quando é subliminar ou diluído na piada, você não tem o que fazer."

Como é a participação feminina nos projetos que você participou e vivenciou, tanto na questão quantitativa, como na qualitativa?

 

Olha, eu tenho que ser bem justa para dizer. Em termos de Design de Automóveis, em específico, a gente tem alguns registros, inclusive na internet – sites de design falam sobre isso, e existem também entrevistas com profissionais de várias partes do mundo – de que o perfil da mulher se encaixa muito bem, principalmente quando se trata de resolver detalhes em termos de projeto de veículo – falo pelas experiências que eu tive de ônibus e automóveis.

 

A figura da mulher sempre é muito atrelada ao capricho e a atenção aos detalhes: esse é um trunfo que a gente tem enquanto designer nesse ambiente. Como as minhas experiências foram na parte de Color & Trim – que são cores e acabamento – é justamente onde o detalhe é bem necessário: seja para decidir uma textura, uma cor ou um tipo de acabamento; para verificar se o projeto está atendendo em termos de figurino e até proporção, tudo isso. Então, nessa área, a figura feminina tem um valor interessante no sentido de estar em um cargo que vai demandar habilidades que, para nós, são incentivadas. Gostaria que fosse de maneira igualitária – meninos e meninas com atenção aos detalhes e tudo. Mas, os relatos que temos tem são de que a figura feminina, para esses trabalhos que exigem mais detalhe, ela é, por assim dizer, preferida até.

 

O Shape Design é uma área que é muito dominada pelos homens ainda, embora nós tenhamos muitas mulheres se aventurando por esse lado – aqui no Brasil a Raquel Villani faz muitos estudos, muitos trabalhos, e também foi fazer cursos fora e tal. Eu acompanho algumas contas do Instagram de projeto automotivo e lá fora (Japão, China), tem muitas mulheres indo pra essa parte de Shape Design, então, acho que temos que aguardar um tempo para ver as mulheres tomando também esses espaços.

 

O papel da mulher dentro da indústria automotiva ainda é pequeno, como na maioria das áreas. Embora existam algumas áreas que preferiram o nosso trabalho, ele ainda é pequeno. Acho que muito por conta da nossa criação também – nossa e dos homens – de que carro, por exemplo, não é coisa de menina. Eu já tive duas reações quando eu falo sobre automóvel – porque eu gosto, ou porque trabalhei com isso, ou porque continuo pesquisando na área – sempre tem duas reações: ou te olham meio torto porque você é “Maria Gasolina” ou é “Nossa, mas você gosta de carro?”, é sempre uma surpresa.

 

Acho que nós meninas crescemos com a idéia de que não é profissão de menina, e os meninos crescem com certas coisas, tipo “Não, aqui é território de homem”. Então, obviamente, quando esses mundos se encontram, eles colidem.

 

Então, a participação feminina eu acredito que pode e vai crescer muito. A gente precisa também desbravar esses caminhos e mostrar que a gente é capaz – lógico, ter oportunidades – e aí vale pros meninos também, que vão chegar em cargos de gerência, ou se forem gerenciados por uma mulher, também respeitar, contribuir de fato, porque precisamos de uma sinergia para todos caminharem de maneira igual, e que no fundo é o que a gente quer, que é o certo e é o justo.

 

O papel da mulher na indústria automotiva existe, ele é importante. Em algumas áreas ele é mais preciso do que em outras, é mais utilizado do que em outras, mas isso não impede que nós ocupemos todos os espaços, basta termos competência para isso e oportunidade.

 

Ainda sobre essa questão: sobre a baixa participação feminina na área automotiva. O que você acha que leva a isso? Você acha que está atrelado à problemática em relação à falta de referências?

 

Eu acho que assim, ter referências é sempre bom quando você passa por essa zona de insegurança. Principalmente quando vamos escolher uma carreira ou quando começamos a caminhar por uma certa carreira.

 

Eu, por exemplo, entrei no Design com uma visão muito abrangente. Na faculdade, eu queria aprender de tudo um pouco, o que aparecesse de oportunidade eu iria, e ao longo da universidade, participando de concursos e tal, eu já gostava de carros e na verdade só foi unir o útil ao agradável, e aí eu fui construindo minha carreira e fiquei muito feliz de conseguir trilhar esse caminho.

 

Primeiro, porque a gente sabe que não é um caminho que tem muitas mulheres ainda e, segundo, porque eu gostava e ainda gosto, de certa maneira, de representar parte disso – eu gosto de fazer parte do corpo de profissionais femininos que se dedica a essa área, justamente por ter pouco, justamente por também querer ser referência – no sentido positivo, não no sentido de ego – mas de você conseguir dizer: eu estive aqui, eu fui, eu consegui.

 

A questão da referência é importante pra gente enxergar que a gente também pode, pra gente sair desse limbo de que “aqui é a área dos meninos e aqui é a área das meninas”. Então, ser referência, buscar referências nessa área é importante porque ajuda a gente ter essa sensação de que “opa, ali eu também posso”.

 

E sobre o porquê eu acho que acontece essa participação pequena de mulheres nessa área, eu acredito muito que é justamente essa mentalidade que nós viemos sendo criados ao longo do tempo.

 

Eu nasci na década de 80 e meu pai e minha mãe sempre deram muita liberdade para eu e minha irmã escolhermos o que a gente quisesse fazer, e a gente sempre tivemos muita liberdade de estar com meu pai e fazer coisas que teoricamente seriam de meninos. Então, eu e minha irmã sempre lavamos o carro, íamos com ele no mecânico ajudar quando ele tinha que trocar um pneu, coisas assim, ele ensinou muita coisa de mecânica pra gente se virar sozinha – quando crianças, junto de bonecas sempre tivemos carrinhos.

 

O objeto carro sempre fez parte da minha vida, parte dos objetos simbólicos da minha vida, então, em casa a gente nunca teve esse “Ah, mas design? Carro? Como assim?”. Pelo contrário, meu pai e minha mãe ficaram super felizes, minha família também achou super legal. Uma tia, inclusive, falou um dia: “Olha, te admiro no sentido de que muito primo homem seu não teria peito de fazer o que você está fazendo” – quando saí de casa para fazer os estágios. Acho que ainda tem poucas porque nem todas as casas são como a minha, em que meu pai e minha mãe deram liberdade e incentivaram a gente, em outras casas é comum se ver o oposto na verdade.

 

Tem poucas mulheres porque ainda não se teve oportunidade, ainda não se teve a chance de chegar lá; e, lógico, pela postura as vezes da própria indústria. Eu não sei até que ponto, em uma seleção, os homens não são preferidos em relação às mulheres, porque se a gente pensar que dentro das casas existe essa mentalidade de que “Aqui não é lugar pra você, escolhe outra coisa”, pode ser que nas entrevistas também exista, dependendo do lugar, dependendo de quem está selecionando, essa postura de que “Não, esse cargo não é bem pra mulher” ou “Essa promoção agora, ainda não é pra ela”.

 

Acho que são esses fatores que pesam pra não ter mais mulheres no meio automotivo, de que nós não temos a clareza de que a gente pode chegar lá e também por parte da própria indústria quando, por ventura, corta ou não oferece oportunidades para o público feminino. Nesse caso, quanto mais referências, melhor; quanto mais mulher mostrando que dá, e a gente tem bastante mulher na indústria – pelo menos nos estúdios de design automotivo das filiais brasileiras das grandes montadoras, a gente tem bastante mulher – é claro que, se você for por na ponta do lápis, tem muito mais homem trabalhando. Dos ambientes que a gente vê, especificamente falando de design, a maioria é homem.

 

Legal isso que você falou da família, acho que faz toda a diferença a nossa criação na hora de buscar a nossa profissão, o apoio dela.

 

Ah, faz! Por exemplo, como eu comentei que em casa a gente tinha boneca mas também tinha carrinho. É uma atitude tão simples você dar um brinquedo para uma criança, mas, se você pensar que aquela é uma fase de formação, e que é nela que a menina tem que entender que o carrinho também é dela, também é pra ela, que a gente também vai dirigir, também gosta de carro...não pode ter essa vergonha, tem mulheres que já têm isso incutido – claro, fruto dessa criação de que se eu falar que eu gosto de carro, vão me achar estranha, ou que tem interesse em carro.

 

Eu já ouvi isso [...] ter comentado com alguém que eu gosto de carro (de um modelo específico, algumas coisas que eu gostava e outras que eu não gostava) e depois essa pessoa me falar: “Nossa, falei pro meu amigo que você tava comentando comigo de carro e ele falou pra mim: “É, sua amiga então é Maria Gasolina, ein’” – quer dizer, ele já colocou em um “quadrado” assim: gosta de carro, é interesseira. Então, é difícil porque essa mentalidade também foi construída neles.

 

Aí que mora o problema, porque não adianta eu vir aqui descer a boca nos caras sendo que, no fundo eles também foram criados assim. Eu tenho a tendência de não generalizar nada, mas, mais uma vez é o choque dos mundos, porque muitas meninas, diferente da minha casa, tem essa criação por trás de que carro não é coisa de menina, ou então “Cuidado pra dar uma opinião de carro” – igual futebol: “Cuidado pra dar opinião de futebol” – e os meninos por outro lado “Ah, menina comentado de carro? Não, é interesseira”.

 

E eu quero acreditar que daqui pra frente a criação vai ser diferente. A gente tem que ter consciência de que é um trabalho histórico – de 100 famílias que não falavam nada ou que não faziam essas relativizações, se 30 fizerem, eu enxergo que cada avanço por menor que seja, abre caminhos que não dá pra voltar atrás. Todo ganho é lucro. Torço muito para que a criação dos indivíduos comece a mudar isso aí.

 

Você já vivenciou alguma dificuldade/impedimento/fragilidade por ser mulher e atuar nessa área?

 

Eu não diria dificuldade, mas a primeira situação que me deixou e ainda deixa vulnerável – e acho que a maioria das mulheres também – é quando você fala que trabalhou com isso ou que você gosta disso, e você já percebe ali, dependendo da pessoa que está conversando com você. Porque é como eu falei, eu dei os dois exemplos de quem acha que você é “Maria Gasolina” ou de quem acha que você não sabe do que você está falando, mas também tem o terceiro exemplo – que esqueci de falar e tenho que ser justa – que é quem acha super legal.

 

Mas, acho que a primeira dificuldade que a gente enfrenta é quando você fala sobre carro sendo mulher e, dependendo de com quem você está conversando, você percebe na cara da pessoa que ela ou desconfia, ou acha que você não tem competência o suficiente, ou acha que você está falando bobagem.

 

E é óbvio, nem toda mulher nem homem é um compêndio sobre Design Automotivo, a gente vai investigando, tenta se atualizar com o que vai saindo na área, em termos de atualização mecânica, estrutural, mesmo de design, a gente está sempre buscando se atualizar. Mas você sente que quando você é mulher, dependendo da pessoa, já faz aquela cara de desconfiança.

Enquanto eu estava na indústria (dentro do design eu não posso reclamar), nas duas experiências de indústria que eu tive, em termos de tratamento, confiança de trabalho, em termos de confiança de passar a tarefa e confiar que você vai cumprir, eu sempre tive muito respaldo e muito reconhecimento da parte de todo mundo – tanto dos outros estagiários, quanto dos chefes diretos, chefes de design.

 

O que eu sentia muito, às vezes, era quando eu precisava de algum serviço que era externo ao design. Muitas vezes em linha de produção, em que você chega lá e de repente precisa de auxílio para alguma coisa, e aí sim eu sentia forte, principalmente com profissionais mais velhos – homens e mais velhos. De repente você chegava para tirar uma dúvida ou para perguntar alguma coisa e a pessoa já olhava pra você assim “Você veio de onde? Você está no design mesmo?”.

 

Uma vez, eu me lembro que fui em uma área específica com um funcionário de design e a gente precisava de um trabalho específico – e lógico que já estou acostumada a ouvir piada sobre ser baixinha e tal, mas, ali eu percebi que no tom de brincadeira teve um pouco de sarcasmo “Nossa, você no design? Ela está no design mesmo?”, eu percebi que ficou ali uma desconfiança no ar.

 

Então, eu acho que o que a gente mais enfrenta – lógico que, quem tem mais tempo na área, quem já estava efetivo, se você conversasse com outras mulheres de lá você escutaria outras histórias e, no geral, se você é promovido ou não, se o seu salário é igual ou não, se algumas coisas estouram no seu colo única e exclusivamente por ser mulher, pode acontecer, vocês teriam outras histórias – mas, no geral, em algum momento todas elas falariam dessa desconfiança prévia por você ser mulher e estar ali. E é um resultado histórico também dessa mentalidade que a gente sabe que existe, como eu relatei, normalmente dos funcionários mais velhos e não no design.

 

O design ele parece que incorpora bem o fato da mulher estar ali, ele entende, em muitos estúdios eles até preferem mulheres por causa dos detalhes, um comportamento que muitas vezes não é desenvolvido nos meninos. Acho que essa palavra apareceria em todos os discursos: a desconfiança – de se você vai dar conta do trabalho, se você vai agradar, e muitas vezes dependendo, se você deveria ou não estar ali, se ali é ou não o seu lugar.

 

Um constrangimento específico – perder um trabalho, bater de frente com alguém, passar por algo muito pontual – eu nunca passei, mas, essa desconfiança que paira no ar, ela machuca um pouco, até mais que um enfrentamento direto. Porque um enfrentamento direto você tem argumento para rebater, mas quando é subliminar ou diluído na piada, você não tem o que fazer.

 

É difícil quando é velado, porque geralmente você tem que tocar em frente aquilo. Aquilo te machuca de alguma maneira mas você não tem como rebater, porque está disfarçado de brincadeira. E como vocês falaram, não é só na área automotiva, é em todas as áreas, isso é importante registrar.

 

Qual a importância de levar essa discussão para além do campo feminino? Você acha que existe esse espaço na sua área?

 

Eu acho que tem espaço, a discussão para além da área feminina tem que ser feita do jeito que a gente está fazendo. É uma coisa que eu sempre comento com amigos: não adianta a gente separar as pessoas para discussão, a gente vai discutir as coisas do campo feminino, mas precisamos discutir com todo mundo.

 

A mentalidade feminina precisa ser modificada também, porque a gente sabe que tem mulheres que fazem isso com a gente também. Comentei sobre o funcionário homem, mas, muitas vezes, a gente sofre repreensões e, às vezes, atitudes de outra mulher. Então, não adianta a gente discutir só entre a gente, tem que chamar “geral”. É todo mundo, não tem isenção de ninguém.

 

Pra mim, tirar do espaço só feminino é essencial. Não adianta a gente só se juntar e ficar reclamando da vida entre nós, temos que levar para as outras pessoas. Precisamos começar a mudar a criação de meninos e de meninas também. Eu acho que isso que vocês estão fazendo – discutir isso na universidade – é um jeito. Outro jeito é pesquisa acadêmica, começar a se cercar de pessoas que falam sobre isso, começar a provar cientificamente, isso também ajuda; o espaço acadêmico é importante para discussão de projeto. E quando eu falo de projeto, é também ambiente de projeto, a problemática de vocês aqui é ambiente de projeto, é importante tomar esses espaços acadêmicos.  

 

Para as montadoras, eu acredito que nenhuma barraria a tentativa de fazer um evento sobre as mulheres, não só para mulheres, para todo mundo. (...) O espaço das montadoras também seria um espaço interessante para discutir isso, mas, você tem que se encaixar dentro do cronograma deles, entrar em contato, conseguir um espaço... não é algo tão simples (...).

 

No fundo, qualquer flanco que você decida adotar para atacar – fazer pesquisa, discutir mais o assunto, fazer reuniões na faculdade pra discutir sobre isso, isso que vocês estão fazendo de me entrevistar e entrevistar outras profissionais (...) e discutir com quem está em volta da gente – que é o nosso raio de ação individual. (...) É um trabalho árduo, um trabalho de formiguinha, mas. temos que fazer. E, levar para além do espaço feminino é nossa obrigação, é o caminho. (...) Todos os caminhos que a gente encostar pra falar são válidos, e aí independe se você está na montadora ou se você está opinando na criação do seu irmãozinho (...).

 

Na nossa sociedade existe uma responsabilidade atrelada a mulher perante a constituição familiar, casar, ter filhos, etc. Olhando para sua geração, que problemáticas isso pode acarretar para a carreira profissional feminina?

 

Eu penso que é muito particular, porque tem empresas que dão total respaldo, você tem licença-maternidade, varia muito de empresa para empresa. Mas, como você falou, na nossa geração em específico a gente tá descobrindo as consequências disso agora, estamos vivendo as consequências disso agora. Então, temos essa ideia, essa pressão histórica de que aos tantos anos eu tenho que estar casada e isso e aquilo. Mas, eu imagino que é perfeitamente possível trabalhar na indústria automotiva casada e com filhos, sem casar e sem filhos, casada e sem filhos. É perfeitamente possível. O que não quer dizer que é fácil ou que não vão te julgar, ou que sua família não vai falar, ou que seu chefe não vai reclamar se você decidir tirar uma licença-maternidade E, repito, não é só uma característica do automotivo, é em qualquer área.

 

Vamos, de fato, lidar com as coisas se a gente começar a trilhar o caminho. Por exemplo, eu estivesse em uma indústria automotiva e decidisse ter um filho, é um projeto pessoal. Se eu sou uma funcionária de carreira, se eu tenho os meus direitos assegurados e se a empresa vai atender à eles, tá tudo bem, eu vou ter filho. Mais uma vez, a gente volta na questão da mentalidade e da criação, tem mulheres que ocupam esses espaços do automotivo e casar vira mais uma pressão, não vira algo natural.

 

Então, “Eu faço minha carreira mas que horas que eu vou casar e ter filhos?” Fica compartimentando, e claro, isso leva a mais estresse, mais dificuldade. O que precisa, na verdade, é nós, enquanto mulheres, procurarmos nossos direitos, estarmos sempre atentas aos nossos direitos. Então, independente de quantos anos eu tenha, se eu casei ou não: se eu quero ter filhos, eu vou ver o que me atende em termos de legislação e vou tocar meus planos. Se eu não quero ter filhos, também.

 

Essa pressão existe? Claro, antigamente era casar e ter filhos; hoje em dia, querem que você case, tenha filhos e seja bem-sucedida na carreira também. É só mais um dos malabares que a gente tem que fazer, que a gente tem que adquirir jogo de cintura para fazer, e não deveria ter que ter jogo de cintura, deveria ser parte da nossa vida. (...) Considerando o cenário geral da mulher que trabalha, independente do ramo, a gente sabe que são pressões existentes. Nós temos que ser verdadeiras com a nossa vontade, você quer ter carreira, você tenha; você quer ter filhos, você tenha; quer casar, case, se não, não faça nada disso. (...) O ideal pra gente ter harmonia enquanto ser humano é ter um equilíbrio em tudo, não consigo enxergar felicidade só no profissional ou só no pessoal. (...)

 

Para finalizar, gostaríamos de saber mulheres que te inspiram.

 

São várias, sempre sigo um bocado de designers no Instagram, de várias áreas, não só no automotivo. Até porque, no automotivo não tem tantas assim (...). Mas eu acho que as que me inspiram mesmo foram as que passaram pelo meu caminho. As designers que eu trabalhei nas indústrias em que eu estive. Depois na academia também, a carreira acadêmica também exige bastante da mulher – Design, em específico. Então, as que me inspiram foram aquelas que eu vi todo dia. Claro que existem várias que inspiram pelo trabalho, mas, as que conviveram comigo, eu via ali dando o sangue, me ensinando, atendendo outras pessoas, e várias reuniões, e volta de reunião e às vezes saiu tudo o contrário do que era esperado, e aquela frustração, e mais a sensação de que é preciso provar que eu também faço com a mesma competência. Essas que eu vi a luta, são a minha inspiração. (...)

2018 Projeto D.elas: Projeto de conclusão de curso - Faculdade de Artes Arquitetura e Comunicação UNESP

bottom of page