top of page

Caroline Gomes é artista, Designer no Coletivo Boitatá e foi professora no curso de Design na UNESP. Em nossa conversa, ela fala sobre sua trajetória dentro do curso de design, seus projetos, sua experiência profissional no mercado e na academia, e também sobre as desafios vividos por ela ao relacionar a carreira com o fato de ser feminista.

caroline gomes_

Você pode contar um pouquinho para a gente de como foi a sua trajetória entre a sua formação e o momento atual, tanto profissionalmente, quanto artisticamente?

 

Quando eu vi a palavra “artisticamente” percebi que eu precisava voltar um pouco antes da formação para poder falar desse artístico, pois ele não existia até pouco tempo atrás. Eu vim para a faculdade, como a maioria das pessoas, por gostar de desenhar (...) mas, quando eu entrei, descobri que todo mundo desenhava melhor que eu. Na verdade, depois a gente descobre que não é bem assim, não tem esse melhor, mas ninguém te conta isso.

 

Eu entrei em um momento de transição em que os veteranos iam na nossa sala, quando a gente estava no primeiro e segundo ano de faculdade, zoar os nossos desenhos. Hoje você vê o que isso significa: eu parei de desenhar por isso. E não é uma questão de desenhar bem, mas é uma forma de expressão muito forte para mim, assim como o que eu tento fazer dentro do Design. Mas, foi difícil fazer essas conexões do que é o artístico, do que é o Design e do que é o profissional. (...) Eu sempre tive muita insegurança sobre que eu estava fazendo – eu nunca tive dificuldade de falar que eu gosto de fazer Design porque eu não me imagino fazendo outra coisa – mas, até hoje, mesmo tendo sido professora de Design, eu ainda tenho essa insegurança.

 

Para fazer o TCC, eu juntei com uma amiga, a Marina Wang, e fizemos uma performance no meio do mato na UNESP. Enquanto você andava pela trilha, via pedaços da gente – tinha frases, tinha sons, tinha coisas de infância – e quando você chegava no final, nós fazíamos uma performance. A nossa intenção foi mostrar um pouco do que foi esse nosso processo durante a faculdade, o que foi esse amadurecimento e as mudanças de fases. Ali eu vi que eu juntei um pouco do Design, um pouco do artístico, um pouco do corpo, das minhas inquietações pessoais: que eram várias crises de identidade enquanto designer, enquanto mulher, enquanto pessoa no mundo. E foi o primeiro momento que eu vi que dava para juntar tudo.

 

Saindo de lá, eu já trabalhava na Alto Astral: fazia estágio como diagramadora, e depois de um ano fui contratada e fiquei lá por dois anos. No começo do primeiro ano já comecei a sentir que faltava alguma coisa e decidi fazer o mestrado, pois já queria fazer há algum tempo mas não conseguia colocar isso em prática. (...) Um ponto muito importante foi que, recentemente, dei um “Ctrl F” no meu TCC e eu não encontrei a palavra feminismo. (...) Mas, hoje vejo que o que eu fiz com a Marina no meu TCC foi uma coisa muito feminista, mas não tinha esse nome, e praticamente não tinha a palavra mulher.

Quando fui escrever a minha proposta de mestrado, queria trazer o meu TCC para a pesquisa de uma forma mais palpável: queria estudar, investigar, alguma questão dentro disso. (...) O meu objetivo, com o mestrado, era descobrir o que é tornar-se mulher. E eu percebi que eu sou mulher e nunca me questionei isso, e também não sei o que eu responderia.

 

Resolvi perguntar para as mulheres trans, porque elas tem que falar a todo tempo que elas são mulheres. Comecei a querer entender como é que essa construção acontece quando você tem que mostrar para o mundo inteiro, toda hora, que você é quem você é. (...) E eu vi que, junto com elas, a gente construiu uma coisa muito legal e elas me ajudaram a entender que mulher é essa que eu sou.

 

E eu queria tentar entender como é que o design contribui, ou não, para que essas mulheres trans sejam quem elas são – isso desde produto de beleza, de uma calcinha adaptada, desde essas questões ergonômicas – mas, além disso eu também estava pesquisando muito a questão simbólica. A maioria delas começou a se assumir nas redes sociais, e eu acabei descobrindo que todo esse virtual pode ser o primeiro momento delas falarem que existem. Assim, acabei percebendo que o design está em muito mais coisa.

 

Foram dois anos muito intensos de “quem sou eu?”, de “que mulher eu sou?”, de questionar a minha identidade, a minha sexualidade. E no meio disso tudo eu raspei o cabelo – e foi muito doido porque, das meninas que eu entrevistei, um dos maiores pontos de força delas era o cabelo – e eu me vi no meio disso tudo raspando o cabelo e me perguntando o porque eu estava fazendo isso. Enfim, tudo isso para dizer que no mestrado eu estava tentando entender como o design contribui para esse ser mulher dentro dessa situação identitária.

 

Então, virei professora. Fui dar aula voltada para o design gráfico e eu vi que tinha uma responsabilidade. Me colocaram nessa função de professora, eu ainda tinha os meus medos, mas eu sentia que eu também tinha alguma coisa para passar. E durante o primeiro semestre eu tive muito apoio da Cássia, da Ferdi e da Mônica, e essa coisa do feminismo já estava mais clara para mim.

 

Então, por mais que não sejam mulheres que eu conversasse sobre o feminismo, são inspirações para mim.(...) Eu vi que eu tinha muitas inseguranças enquanto professora e mulher; eu sinto que tinha algumas dificuldades que, conversando com professores homens, eles não passavam. Eu sentia que se eu perdesse o respeito de algum aluno, principalmente homem, eu poderia não ter mais – no sentido de a idade não ser tão distante e você querer ser simpática, mas, ao mesmo tempo sentia um receio (...).

 

Por exemplo, quando um aluno homem vinha me mandar uma mensagem no Facebook com alguma dúvida, eu tinha mais dificuldade de responder do que quando era uma aluna menina; ou quando eu ia para a faculdade passar o dia todo, eu tinha que levar uma calça, pois eu não me sentia à vontade de dar aula de shorts, nem de vestido – sendo que várias professoras vão de vestido; eu me maquiava no começo do semestre, sentia que eu tinha que estar sempre com a guarda em pé.

Aos poucos, estabelecendo uma confiança, isso foi melhorando. Mas, tiveram pessoas que me testaram o semestre inteiro. Acho que isso faz parte da gente crescer, mas, enquanto mulher e professora, eu tive várias dificuldades de me impor porque eu vi que além de montar o plano de aula eu tinha que pensar como eu iria ser na aula – enquanto o meu namorado, também professor, tinha apenas que montar a aula, entendeu? A forma de agir é muito diferente.

 

Parei de dar aula e entrei num projeto chamado Dafnes. São quatro meninas produzindo um documentário e uma websérie todo feito só por mulheres, e elas entrevistaram várias artistas – entre elas, eu. Foi quando voltei a desenhar: entrei com o intuito de interpretar o mito de Apolo e Dafne da mitologia grega, e poderia escolher a forma como eu faria isso. Decidi que não seria através do design – não queria criar um produto, um cartaz ou um livro e, então, me desafiei a voltar a desenhar. E agora já estou me dando melhor com essa artista.

 

Trazendo para o hoje, estou tentando costurar essas coisas todas de novo – igual eu tentei no TCC e no mestrado – mas estou tentando entender como é ser essa mulher, essa designer e essa artista.

 

E como foi a participação feminina nesses projetos que você vivenciou?

 

Então, como eu disse, agora é mais claro esse feminino, mas, os primeiros projetos que eu comecei a me envolver com essa coisa de mulher, ainda era tudo muito novo – tinha uma coisa legal, talvez uma empatia, mas isso é mais recente. Esse projeto Dafnes, por exemplo, foi o primeiro projeto que eu participei que são só mulheres, e foi uma coisa que, apesar de não usar a palavra feminismo, fala do feminino de várias formas. Foi também quase que uma autoajuda, porque eu só voltei a desenhar pois essas meninas acreditarem em mim mais do que eu.

 

Existe uma força coletiva muito grande (...) e uma coisa que eu acho que é muito de mulher, no sentido de dificuldades que a gente enfrenta – a gente fez uma roda de conversa e tinham mais de dez meninas (entre as artistas e as produtoras), e todas elas tinham uma inquietação e um problema em comum, relacionados à insegurança do seu trabalho: ou não conseguir se vender, não conseguir mostrar o que elas fazem, ou serem totalmente inseguras, ou terem parado de fazer e não conseguirem voltar… E eu acho que isso tem muito a ver com essa coisa de “menininha”, do “bonitinho”. Ainda mais quando a gente fala do artístico a gente cai muito naquela coisa do “artesanatinho”, do “mimosinho”.

 

Eu senti uma dificuldade que podia ir para esse caminho, uma coisa também de não ser levada a sério. (...) Por exemplo, eu trabalho com o Boitatá – que é um coletivo que trabalha eu e o Thomas Musmann – e mais de uma vez eu estava fazendo uma reunião em que o Thom começou e eu entro após, e o cliente homem do outro lado para a conversa falando que adora trabalhar com mulher, ou então elogia o fato de ter uma mulher. E que legal por quê? Às vezes, a pessoa não está querendo te ofender, mas já me ofendeu. E eu ouço muito isso, e sinto que se eu trabalhasse sozinha, eu não teria clientes, ou eu conseguiria trabalhar só com mulheres – porque eu sozinha acho que não conseguiria aguentar alguns clientes. Eu e o Thom, enquanto uma empresa, tentamos lidar juntos com essas situações desagradáveis. (...) Mas, na hora que alguém fala que gosta de trabalhar com mulheres, essa pessoa coloca tanto peso no fato de eu ser mulher, que dá vontade de dizer :“Peraí, então o meu logo é de mulher?” e “O que você quer que eu faça que é de mulher?”. Isso me deixa triste, na hora eu fico com raiva, mas, na verdade me esgota num tanto que não me cabe. Acho que antes, talvez eu não visse, ou eu ignorava. A gente está tão acostumada com o “senta direito, menina” que você não vê que isso é uma forma de repressão.

Uma coisa que a gente viu, durante as nossas pesquisas, é que algumas mulheres não acham interessante participar de projetos exclusivamente femininos, mesmo tendo a proposta de inclusão, pois, segundo elas, acabam também segmentando, de certa forma. O que você pensa sobre essa problemática?

 

Olha, eu acho que não é um problema mulheres que não queiram trabalhar em um grupo só de mulheres. Posso estar falando besteira, mas, por mim, quando eu não tinha essa visão de trabalhar com mulheres era muito mais por uma imaturidade e uma falta de entender o que está acontecendo com o mundo, do que por um posicionamento de tudo bem trabalhar com homens, está tudo bem, eu trabalho com homens, a gente tem homens na nossa família, a gente ama os homens também e eles são ótimos profissionais iguais a gente.

 

Mas, eu acho que quando a gente pode agregar, por exemplo, no projeto Dafnes precisavam chamar alguém para dirigir um drone, e isso me marcou porque foi difícil achar uma mulher que fizesse isso. Mas, uma das meninas do projeto comprou um drone e aprendeu a dirigir – e é disso que eu to falando, sabe? Então, não é que tem que ser sempre exclusivamente de mulheres, mas acho que eu já fui uma pessoa que preferia ir em médicos homens –  não me pergunte porque eu dizia isso – mas provavelmente um dia me disseram isso e eu reproduzi, e faz um tempo já que eu me perguntei “por quê eu faço isso mesmo?”. É nesse sentido: a gente está tão acostumado, e tem situações que é tão difícil encontrar uma mulher, que eu acho legal se a gente puder valorizar.

 

Então, você não precisa trabalhar só com mulheres, mas eu vejo que tem pessoas com dificuldade de usar a palavra feminismo. Eu também preciso trabalhar um pouco no outro lado, no sentido de que a gente tem que aceitar as diferenças, mas eu tenho um pouco de dificuldade de lidar com mulheres que acham que não precisam do feminismo. (...)

Eu sinto que essas rodas nos fortalecem.

 

Porque é difícil, às vezes a gente nem sabe que está em uma situação opressiva, e isso não acontece só em relacionamentos amorosos: acontece em relacionamentos familiares, com amigos, professores e chefes. No próprio trabalho, a pessoa que é igual a você, está sentado do seu lado, entrou junto com você, ele é muito mais valorizado que você por ser homem. Eu via isso na Alto Astral, o tratamento era outro. Então, eu acho legal que a gente se una. Faz diferença, não consigo achar que tudo bem: se é possível, vamos para o nosso lado, não sou imparcial nesse ponto.

 

E você acha que as mulheres designers têm a mesma visibilidade que os homens? Se não, por quê?

 

Não. Só o fato de vocês terem que fazer um TCC para fazer um recorte de quais são as mulheres designers no Brasil, mostra que isso está muito errado. Por exemplo, a última pergunta da lista é sobre mulheres que te inspiram, eu não soube de cabeça falar uma designer.  (...) Eu acho que tem muitas problemáticas aí no meio. Vejo que nós temos uma dificuldade maior de nos posicionar em todas as situações. Como quando vamos para uma entrevista de emprego, nós ficamos 2 horas pensando na roupa, enquanto um homem coloca uma calça e é só ele não ir de regata e nem de chinelo, que está tudo bem. Isso, mesmo quando é em uma situação que você não vai trabalhar com a sua imagem.

 

Eu lembro que enquanto estava na Alto Astral e estava fazendo o meu TCC eu fiquei 6 meses fazendo experiências – e uma delas foi não me depilar mais. A empresa não sabia lidar comigo. Minha chefe, um dia, me perguntou por quê eu não ia de blusa de manga comprida. E isso me marcou muito, porque, para ela, era só uma blusa para não chamar a atenção, mas, para mim é o meu corpo, estava lá fazendo o meu trabalho e muito bem feito. (...) As pessoas às vezes me perguntavam – não eram muitas, mas é difícil em um ambiente de trabalho – quando eu iria me formar; ou falavam que eu era muito bonita para estar fazendo isso. E aí eu pensava: “e se eu não fosse bonita? eles iam me demitir?”. Ser feia e peluda não pode? Eu não estava lá porque eu sou bonita, isso me deixava muito ofendida. Então eu sentia esse tom de “brincadeira”. É brincadeira, mas é brincadeira séria, sabe? (...)  

 

Eu acho que a gente sofre muito sim. Por exemplo, na oficina de madeira (quando eu fazia faculdade) não tinha um incentivo mínimo. As pessoas da oficina achavam que a gente estava brincando de casinha, e os próprios professores estavam mais preocupados com a roupa que eu estava usando do que com a luminária que eu fiz. Hoje, eu não sei se eu consigo mais lidar com isso, ainda mais por já ter sido professora.

 

(...) E, muitas vezes, não temos nem com quem compartilhar isso. Por exemplo, se eu falasse há 3 anos que eu senti o professor me infantilizando – o que acontece muito com a gente – por mais que a pessoa fosse minha amiga, ela provavelmente iria achar que eu estava viajando, ou dizer que é assim é mesmo. É assim mesmo porque a gente deixa. Eu senti muito isso na faculdade, eu senti que eu não era levada a sério por ser mulher, por ser bonita. Não sei, mas às vezes é até mais difícil, parece que a pessoa primeiro te vê como um objeto bonitinho, e depois vai ver o que você está fazendo. Eu não sei se isso é bom ou ruim, porque às vezes você pode conseguir um emprego por isso, mas também pode não conseguir. Porque quando você é bonita, você não precisa ser inteligente, mas, quando você é bonita e inteligente as pessoas não gostam disso. (...) Eu não sou um troféu e eu não estou afim de que você me fale que eu sou bonita (...).
 

Você acha que uma designer estar atrelada a uma causa como o feminismo pode lhe trazer algum efeito no mercado?

 

Eu acho que não pode, com certeza traz, e isso pode ser bom ou ruim. Porque quem não gosta da palavra feminismo, ou quem acha que não precisa e que não gosta de trabalhar com pessoas feministas, não vão me procurar e tudo bem. Recentemente eu tenho percebido que existem tipos de clientes que eu não quero trabalhar, não sei até quanto tempo eu posso lidar com isso – porque tem horas que preciso de uma grana, né – mas, enquanto eu puder cultivar clientes que me valorizem e me acrescentem é o que eu e o Boitatá queremos.

 

Eu vi um negócio muito legal esses dias, dizendo que o cliente é uma pessoa com quem nós queremos compartilhar o nosso melhor. A relação que eu quero com um ou uma cliente não é uma relação oceânica, muito diferente e distante: somos pessoas, vamos trabalhar juntos. Faz diferença a pessoa entender que eu sou mulher e feminista, faz diferença a gente ter um bom diálogo – porque a gente lida com pessoas, e eu gosto de trabalhar com pessoas e não com números. Existe uma questão humana que faz diferença e que, no meu caso, pode ser negativa por existirem muitas pessoas que não gostam da palavra feminismo, mas, se isso for um problema para o cliente, ele vai ter que procurar outra designer.

 

É uma coisa de ideais, eu posso perder clientes mas também posso ganhar com isso. Não tem como ser indiferente: quando você fala que é feminista, você passa a ter uma responsabilidade. Cada um do seu jeito, porque existe um milhão de formas de você ser militante e estar nessa causa, não precisa levantar bandeira todos os dias, postar no facebook ou ser peluda – você pode usar salto alto e ser linda, modelo, o que for, ainda existem muitas formas de você mostrar que queremos uma igualdade. Mas, acho legal você dizer que é feminista – pelo menos para mim valoriza – mas não é todo mundo que acha isso.

 

Finalizando, gostaríamos de saber mulheres que te inspiram.

 

Vou ser bem sincera, quando eu vi as perguntas, anotei essa para pensar. Mas, depois percebi que se eu estou tendo que pensar e pensar mesmo, principalmente em Design, tentando pesquisar quem são elas, quer dizer que elas não são as minhas referências. O que eu acabei descobrindo é que eu não tenho referências de mulheres que trabalham no design, não consegui resgatar isso na minha memória.

 

O que eu pensei enquanto referências foi no sentido mais amplo de vida: quando penso em inspirações eu penso em mulheres fortes. Por exemplo, a minha mãe e a minha avó, no sentido de carregar o mundo nas costas e fazer o que todo mundo falou que não ia dar para fazer . Elas são referências de força, elas carregaram a família nas costas – meu pai morreu muito novo e meu avô também – ainda em uma estrutura totalmente machista, então elas são referências nesse sentido.

 

Tem uma designer e ilustradora chamada Amanda Mol e o trabalho dela é muito legal, ela está com tudo nessa vida de empreendedora, tem videos de oficinas de ilustração e tal. Mas, o que é muito legal é que ela juntou várias coisas: ela gostava de moda, gostava de desenhar, achou que queria fazer artesanato, mas, de repente, ela estava fazendo roupa, e acabou fazendo várias coisas com a marca dela. Ela é uma referência nesse sentido de uma pessoa muito próxima de idade que conseguiu juntar vários sonhos.  


Também no sentido de inspirações, pensei em todas as meninas do Projeto Dafnes, porque todas as artistas, cada uma do seu jeito, foram muito importantes para eu me encontrar como artista, para eu poder falar que tenho algo que vale a pena mostrar. No meu TCC pesquisei bastante a Marina Abramović e a Pina Bausch, que foram referências naquele momento, mas, como eu disse, não são pessoas que eu sigo e acompanho. (...) Então, quando eu pensei em inspiração, primeiro foram essas referências mais amplas de mãe e avó; mas, quando pensei no design foi muito mais essas referências mais anônimas e que a gente vê no dia a dia, no Instagram, ou que ouvimos falar. Para mim, essas referências são muito mais fortes.

"Enquanto mulher e professora, eu tive várias dificuldades de me impor porque eu vi que além de montar o plano de aula eu tinha que pensar como eu iria ser na aula – enquanto o meu namorado, também professor, tinha apenas que montar a aula, entendeu? A forma de agir é muito diferente."

"A gente está tão acostumada com o “senta direito, menina” que você não vê que isso é uma forma de repressão."

"Como quando vamos para uma entrevista de emprego, nós ficamos 2 horas pensando na roupa, enquanto um homem coloca uma calça e é só ele não ir de regata e nem de chinelo, que está tudo bem."

"Existe um milhão de formas de você ser militante e estar nessa causa, não precisa levantar bandeira todos os dias, postar no facebook ou ser peluda – você pode usar salto alto e ser linda, modelo, o que for, ainda existem muitas formas de você mostrar que queremos uma igualdade."

2018 Projeto D.elas: Projeto de conclusão de curso - Faculdade de Artes Arquitetura e Comunicação UNESP

bottom of page